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As chances para as menores

Fonte: Estadão
Inovar é algo muito fácil de dizer, mas difícil de definir. A melhor definição que conheço relaciona inovação à mudança de comportamento de agentes, no mercado, como produtores e consumidores Na maioria das economias, a dinâmica de inovação depende da velocidade e qualidade dos processos associados ao empreendedorismo de oportunidade, em que se começa um novo negócio não porque se precisa dele para sobreviver, mas porque se enxerga oportunidades, em uma ou mais cadeias de valor, para inovar. Inovar é algo muito fácil de dizer, mas difícil de definir. A melhor definição que conheço relaciona inovação à mudança de comportamento de agentes, no mercado, como produtores e consumidores. De qualquer coisa, de latas de lixo e lixo até ressonância magnética, passando por aviões e software como Word e Google. Isso significa que, para montar uma pequena empresa "de tecnologia", você tem de refletir sobre seu papel em uma cadeia de valor que já existe (você vai fazer algo "novo" ou "melhor", em um ou mais sentidos) ou vai criar uma nova categoria de produtos e/ou serviços, que por sua vez vai deslocar gente de outras cadeias ou botar as ditas cujas de cabeça pra baixo. E nenhuma destas alternativas é simples. Ainda mais aqui, onde o suporte ao empreendedorismo inovador é escasso, porque a cadeia de valor de capital empreendedor é muito tênue ou inexistente. O resultado é que muita gente boa, muito capaz, acaba partindo para empresas do tipo me too ("eu também"), ou seja, fazer aqui, com muito menos chance de sucesso, alguma coisa que, com mais gente e recursos de todos os tipos, está sendo feito "lá fora". Se você está pensando em empreender um negócio de tecnologia que realmente valha a pena, saiba que... 1) dá muito trabalho; 2) capacidade de execução é mais importante do que idéias; 3) localização é muito importante, apesar de tudo; 4) conexões são fundamentais; 5) "novo" é o mesmo que "risco" e se risco não é com você faça um concurso público. Criar negócios dá trabalho porque, primeiro, você tem de convencer pessoas de que é possível chegar "lá". Comece pelos amigos e família; se não convencer quem está predisposto a ouvi-lo, duvido que seja mais fácil convencer estranhos. Lembre-se o tempo todo que empreender é quase o mesmo que vender, e vendas não é um emprego de segunda, trata-se de uma arte nobre. E você vai ter que vender seu negócio para fora e para dentro: trate seus investidores, sócios e colaboradores como trataria seus clientes. Ou não haverá clientes, usuários e empresa. Em negócios inovadores, ainda por cima, pouca coisa está pronta e você precisa trabalhar de verdade até ter algo que possa vender, que é o que faz, de fato, qualquer empresa. Execução é muito mais importante do que imaginação por razões óbvias; se precisar de um argumento a mais, lembre-se que "fazer" ocorre no mundo concreto ao seu redor, que está cheio de detalhes. Execução pode ser medida: quanto falta para chegar onde eu disse que ia estar hoje? Meça, sempre, para saber onde está no caminho. E nunca ache que chegou. Empreendedores não chegam, sempre estão "a caminho". Lugar é importante: não há centenas de Silicon Valleys nos EUA, só um; assim como só há um Porto Digital no Brasil, e ele fica no Recife Antigo. Imagine-se criando seu negócio no Porto Digital, onde já estão quase 120 empresas e cerca de 4.000 pessoas trabalhando com e em TICs. Compare com Taperoá, no Cariri da Paraíba, que tem apenas uma lanhouse. No Porto Digital, empresas nascentes têm banda larga como parte da infra-estrutura pública para crescer, entre muitos outros suportes para negócios... mas o principal, em ambientes como o do Recife Antigo, são as conexões. Muita gente, como você, aprendendo mais rápido com os erros de uns e outros, atraindo atenção de muitos outros lugares, tornando seu negócio conhecido quase sem que você queira, querendo. Ambiente é muito importante. Se você for escolher um lugar, tente entender se o ambiente vai ser bom para seu negócio. Pois criar um negócio é um aprendizado e o lugar tem que ter cara de escola, de laboratório. As pessoas têm de criar soluções, o lugar não pode ser uma burocracia imobiliária e de formulários de satisfação que não contribuem para você, algum dia, deixar de ser uma pequena empresa e ser um grande negócio. O lugar ser bom para o negócio não quer dizer que o mercado do negócio está lá. Se assim fosse, a Microsoft seria, até hoje, um pequeno negócio, vendendo software ao redor de Seattle. Negócios de tecnologia têm o mundo como mercado, são globais por natureza. Seu pequeno negócio vai continuar pequeno se você não entender o que significa risco. Risco é a diferença entre o que você sabe e o que precisa fazer para construir um negócio de verdade. Negócios de tecnologia começam pequenos e podem crescer e ser grandes por si próprios ou, em muitos casos, se tornar parte do processo de inovação de grandes empresas. Uma das formas mais eficazes dos grandes inovarem é pela compra dos pequenos, como a Philips comprando a VMI e a Dixtal, no Brasil, em tempos recentes. E você me diria: por que eu deveria criar uma empresa para vender? Porque, se você for um empreendedor de verdade, sua empresa é "apenas" mais um de seus produtos. O único tipo de empreendedor que faz sentido é serial, sempre disposto, se as condições forem interessantes, a vender seu negócio atual e começar outro amanhã. Aliás, depois de dar uma volta ao mundo para ver se ele ainda está lá. Seis meses no mar não é uma má opção para gerar novas idéias... e oportunidades.
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